Este artigo é um resumo da entrevista realizada pelo London Post, onde João Bernardo Vieira, ex-Ministro dos Transportes e Telecomunicações da Guiné-Bissau e sobrinho do primeiro presidente democraticamente eleito do país, compartilha suas visões sobre a situação atual da Guiné-Bissau e as propostas para um futuro mais estável.

A Necessidade de Renovação Política

João Bernardo Vieira, um líder político experiente com mais de duas décadas de atuação em governança e formulação de políticas, destaca que a Guiné-Bissau é um paradoxo: rica em recursos naturais, mas cronicamente instável. Ele afirma: “A tarefa mais crítica é restaurar a fé dos cidadãos no Estado.” Para isso, ele propõe a criação de um judiciário independente, medidas rigorosas contra a corrupção e forças de segurança que sirvam ao povo com profissionalismo e dignidade.

Vieira rejeita imposições externas de paz, enfatizando que a estabilidade duradoura deve ser construída internamente. “A paz depende de um consenso interno—diálogo aberto entre as facções políticas e respeito inabalável pela ordem constitucional,” diz ele. Ele também destaca a necessidade de justiça inclusiva, pedindo processos legais simplificados e serviços públicos descentralizados, além de assistência jurídica gratuita para grupos marginalizados, especialmente mulheres, crianças e populações rurais. “A justiça não pode ser um privilégio urbano,” acrescenta.

Uma Nação em um Cruzamento

A Guiné-Bissau enfrenta uma crise de governança, com mais de 68% da população vivendo com menos de 1,95 dólar por dia. Vieira observa que “isso não é apenas uma crise econômica; é uma crise de governança.” O sistema de justiça é subfinanciado e politicamente influenciado, tornando-se inacessível para muitos, especialmente em áreas rurais, onde a falta de identidade legal impede o acesso à educação e aos direitos civis.

Implementação do ODS 16

Vieira acredita que a implementação séria do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 (ODS 16)—Paz, Justiça e Instituições Fortes—pode reverter essa situação. Ele propõe fortalecer a independência do judiciário, combater a corrupção com leis aplicáveis, proteger a liberdade de expressão e construir mecanismos para a resolução pacífica de conflitos. “Instituições fortes não apenas protegem direitos—elas catalisam o progresso,” afirma.

Importância da Estabilidade na Guiné-Bissau

A instabilidade da Guiné-Bissau tem consequências regionais significativas, sendo frequentemente referida como um “narco-estado” e um ponto de trânsito para o tráfico internacional de drogas. Vieira alerta que, se as reformas forem adiadas, a instabilidade poderá afetar toda a região da África Ocidental. As eleições presidenciais marcadas para 30 de novembro de 2025 representam uma oportunidade única para redefinir a trajetória da nação. “Somente quando o Estado for confiável, justo e protetor, a Guiné-Bissau poderá esperar construir um futuro estável e próspero,” conclui Vieira.

Exemplos de Sucesso

Vieira menciona exemplos de países como Ruanda e Gana, que implementaram reformas judiciais e medidas anticorrupção com sucesso. “Governança transparente canalizaria as receitas de caju para a saúde e a educação, enquanto programas de identidade legal poderiam empoderar mulheres e cidadãos rurais,” diz ele.

A Guiné-Bissau está em um ponto crítico. O caminho à frente é difícil, mas não impossível. Com coragem política, cooperação regional e um comprometimento sério com o ODS 16, este estado frágil pode ser transformado em uma democracia resiliente. O plano já está traçado—agora, o que se precisa é da vontade coletiva para torná-lo realidade.

Para ler o artigo original, acesse: London Post.